domingo, 2 de setembro de 2018

Estado, individualismo, cooperação e equilíbrio social

As liberdades individuais precisam ter um limite. Cada indivíduo tem um papel social. O Estado tem o importante papel de gerir os interesses conflitantes na sociedade e garantir o equilíbrio social.


O homem é um ser social
O ser humano é um ser essencialmente social. Nenhum indivíduo é totalmente autossuficiente. Nenhum ser humano é capaz de viver isolado de outros seres humanos, longe do convívio social. Sendo assim, conclui-se que o ser humano é dependente da vida em sociedade.

O homem tem um papel social
O ser humano interage com o meio em que vive por meio do trabalho. O trabalho permite que o homem modifique o meio de modo a atender às suas necessidades. No entanto, uma vez que o homem é parte integrante da coletividade, ou seja, ele é uma peça de um sistema, o qual é a sociedade, todo ser humano exerce uma função na sociedade. O trabalho humano tem uma função social. O homem não trabalha unicamente para atender às suas necessidades individuais.

É muito importante que entendamos isto: cada um de nós tem um papel social e o nosso trabalho tem também uma função social. Temos um dever em relação à sociedade, em relação aos nossos semelhantes, já que vivemos em sociedade e dependemos dessa convivência.

O individualismo na sociedade capitalista atual e a cooperação
Com o surgimento e consolidação do capitalismo industrial no século XIX, surgiu também a ideia de individualismo, a ideia de que cada um deveria trabalhar para atender a seus interesses e suas necessidades individuais. Cada um deveria buscar seus próprios objetivos, de modo a atender às suas próprias ambições. No entanto, é preciso que sempre nos lembremos de que somos parte da coletividade. Somos humanos, pertencentes a um grupo. A cooperação é requisito essencial para a existência. O individualismo capitalista não condiz com essa ideia de cooperação.

Por exemplo, na sociedade capitalista atual, não parece imoral a ideia de que um único indivíduo acumule bilhões em riquezas enquanto milhares ao seu redor sofrem na miséria. Pergunta-se, "o que há de errado em que um homem seja bilionário, quando este obteve sua fortuna de modo honesto e a partir de seus próprios esforços?" A resposta é que todo trabalho tem um papel social, todo indivíduo exerce um papel social e toda propriedade também tem uma função social. É imoral que um único indivíduo acumule tamanha riqueza e permaneça indiferente para com a miséria ao seu redor. Principalmente porque vivemos em uma sociedade desigual, em que a maioria das pessoas não tem as condições mínimas para alcançar na vida os recursos necessários para ter uma vida digna. Alcançar a riqueza não é uma mera questão de esforço pessoal. Há inúmeros fatores que podem facilitar ou dificultar o enriquecimento.

O Estado e a gestão dos interesses conflitantes
A vida em sociedade só é possível com a existência de regras que organizem a convivência entre os indivíduos. Cada indivíduo possui direitos e deveres. Cada indivíduo tem direito à sua liberdade individual. Mas esta liberdade individual não pode ser ilimitada. A vida em sociedade seria impossível se não houvesse limite para as liberdades individuais. E o que delimita a liberdade de cada indivíduo é justamente o ponto em que se inicia a liberdade do outro, onde os direitos do outro começam. Sendo assim, como é possível delimitar esses limites? Infelizmente, os indivíduos nem sempre são capazes de enxergar as fronteiras, os limites de suas liberdades individuais, e por isso cada pessoa tende a extrapolar seus limites. É preciso uma força superior, uma instância que exerça o papel de administrar os limites entre as liberdades individuais em favor da coletividade. Por isso em toda sociedade, em toda coletividade é indispensável a existência de uma liderança.

Desde a antiguidade, tem sido o papel do Estado exercer essa função de administrar os limites das liberdades e os direitos dos cidadãos e gerir os interesses conflitantes existentes na sociedade. É papel do Estado atenuar a desigualdade, promover o equilíbrio e garantir a justiça e o bem estar social. Quando há desigualdade, a sociedade não está saudável. Sempre que uns gozam de direitos e privilégios enquanto outros são excluídos e alienados em seus direitos, ocorre um desequilíbrio que é nocivo à coletividade e cujas consequências serão inevitavelmente sentidas mais cedo ou mais tarde.

Cabe ao Estado intervir para atenuar as desigualdades e promover o equilíbrio social. Não pode haver bem estar social enquanto houver indivíduos excluídos. Todo ser humano precisa ter todas as condições necessárias para ser feliz. Enquanto há cidadãos que sofrem discriminação, violência ou que não têm as mínimas condições de viver com dignidade por falta de oportunidades, não há equilíbrio social e é papel do Estado e das demais instituições promover medidas que visem à solução desses problemas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário